Preta Gil e o carnaval do Rio: cantora criou megabloco e foi rainha de bateria da Mangueira
21/07/2025
(Foto: Reprodução) Preta Gil e o carnaval do Rio: cantora criou megabloco e foi rainha de bateria da Mangueira
Preta Gil, que morreu neste domingo após uma batalha contra o câncer, deixou marcas no carnaval do Rio. A cantora criou um megabloco que chegou a liderar o ranking de público do carnaval de rua da cidade. Além disso, desfilou como rainha de bateria de uma das escolas de samba mais tradicionais, a Mangueira.
Criado em 2009, o Bloco da Preta se consolidou como um dos maiores megablocos do carnaval do Rio a partir da metade da década passada. Em 2018, foi o bloco com maior público no carnaval do Rio, com 760 mil foliões, saindo na Rua Primeiro de Março, no Centro.
O bloco misturava axé, pop e outros ritmos, levando para o trio elétrico vários convidados amigos da cantora. Em 2016, o pai de Preta, Gilberto Gil, participou do bloco e levantou o público.
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A experiência bem-sucedida no carnaval carioca rendeu "filiais" do bloco em São Paulo e em Salvador. "Muita gratidão, fico agradecendo a Deus, aos meus fãs, ao meu Rio de Janeiro, por terem transformado o Bloco da Preta em um fenômeno."
Preta Gil durante desfile do Bloco da Preta, no Centro
Alexandre Durão/G1
Preta também marcava presença na Sapucaí. Em 2007, ela desfilou como rainha de bateria da escola de coração, a Estação Primeira de Mangueira.
Em entrevistas na época, ela se dizia privilegiada pela oportunidade. “Isso é tudo o que uma artista quer. E eu estou tendo o privilégio de ser rainha de bateria da Mangueira, minha escola de coração. Com a receptividade do povo, é tudo o que eu pedi a Deus. Eu estou flutuando, estou no céu, estou amando tudo isso, é maravilhoso”.
A cantora, entretanto, teve que superar preconceitos por conta de padrões estéticos. "A enxurrada de preconceitos por conta do meu padrão físico foi muito grande. E olha que nessa época eu tinha 20 kg a menos do que eu tenho hoje. Ali eu já era considerada uma pessoa fora do padrão. O corpo malhado, o corpo de Carnaval. E desde esse momento que tudo aconteceu, eu venho insistindo que a gente tem que ser o que a gente é, e que lugar de mulher é onde a gente quiser com o corpo que a gente quiser. O importante é a gente se amar e quebrar esses padrões”, disse ela em 2020.
Neste domingo, a escola fez um post se despedindo:
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"Uma mulher incrível nos deixou hoje. De maneira precoce. Após muita luta, a cantora, empresária e apresentadora Preta Gil morreu neste domingo aos 50 anos após complicações em decorrência do tratamento do câncer que realizava nos Estados Unidos.
Preta Gil possui uma relação profunda e marcante com a Estação Primeira de Mangueira. Foi coroada Rainha de Bateria para o Carnaval de 2007. E essa foi uma experiência muito significativa para ela, que a descreveu sempre como uma das mais lindas em todos os seus carnavais.
Preta foi e continuará sendo uma figura importante no ativismo social. Usou sua vida e sua obra para discutir questões como a diversidade, a igualdade e a representatividade, especialmente em relação à gordofobia e o racismo. Ela se tornou uma voz forte e independente, quebrou barreiras e promoveu diálogos sobre importantes questões.
Hoje toda a nação mangueirense está de luto. Em nome da presidente Guanayra Firmino e da nossa diretoria e manifestamos nossas condolências e um profundo pesar por sua morte. Que seus familiares, amigos e fãs possam encontrar na beleza da sua trajetória algum conforto por sua partida".
Bloco da Preta em 2019
Fernando Maia/Riotur